Sobre a Liberdade!

Sim, sei que é um tema de Abril e não de Julho, mas liberdade é palavra que estamos sempre a desbobinar sem realmente perceber que a liberdade é algo que na verdade nunca é plena.

Levei uma adolescência a ansiar pela liberdade da vida adulta, por trabalhar para ter dinheiro e gastá-lo como queria, ir a lugares escolhidos por mim para meu usufruto.

Agora na vida adulta vejo que a liberdade não é assim tão básica e acarreta várias responsabilidades que não nos dão liberdade.

Comecei a trabalhar e tinha o dever de pagar as contas: casa, água, luz, etc., como tal não sou livre de decidir que quero usufruir desses serviços mas não os quero pagar. Não tenho liberdade para não os pagar, porque vou ficar sem eles.

Depois a família seja a nossa de sangue ou a que vem com o companheiro influenciam com as suas ideias e opiniões até na escolha de um simples restaurante ou até uma garrafa de vinho. Lá está, uma pessoa, muitas vezes para não se chatear, deixa de usufruir da sua liberdade e vontade para deixar outros levarem a sua avante.

Com o nascimento dos filhos cada vez mais praticamos a liberdade do outro que a nossa, escolhemos sitios para visitar que são “children friendly” quando, na verdade, se pudéssemos íamos para um recanto bem silencioso sem gritaria e birras de miúdos. Desculpem lá a minha sinceridade, sei que posso chocar algumas pessoas mas apesar de amar os meus filhos também preciso de espaço e de ser eu mesma.

Com os filhos vêm as viroses, essas malditas, as otites, as gripes e as febres que nunca sabemos a razão. E deixamos de dormir para monitorizar a criança, comemos comida fria porque passamos o tempo todo a tentar enfiar comida pela goela abaixo do miúdo. Andamos tipo zombies porque até para dar medicação quase que a casa vem a abaixo.

E eu não tenho a liberdade de simplesmente não dar ou não fazer. Quer dizer, a liberdade tenho mas os meus valores e crenças não mo permitem.

Faz amanhã uma semana que tenho o L. doente, febres altas sempre pelos 39ºC, não havia maneira de baixar. Após duas idas ao hospital administraram o antibiótico mas apesar de ter melhorado um pouco, ainda não está bem.

Se estou exausta? Mais que isso… o cansaço já nem se mede, rebentou a escala. Tenho de apontar as horas todas de medicação porque a cabeça já não grava nada, depois sinto que estou em falta com a C. porque coitadinha tem tido muito menos atenção da mamã.

Depois por outro lado, sinto que estou em falta com o trabalho porque lá está, tenho uma profissão e responsabilidades.

Então pergunto: isto é que é ter liberdade?

Na verdade, não somos assim tão livres temos responsabilidades sociais, familiares, profissionais. Somos livres dentro das regras em que vivemos, dentro das nossas crenças e no limite dos nossos valores.

Temos uma liberdade controlada, e a única coisa que podemos dizer é que só nos transmite o conforto de saber com o que podemos contar. Esta é a liberdade das nossas decisões.

Isto não é uma queixa mas uma constatação porque a vida é feita de fases e o cansaço também existe mesmo que não marque uma ruga na testa ou produza um cabelo cabelo (que por falar nisso descobri que tenho 3, isto ao chegar aos 40 vem tudo ao de cima).

Liberdade é isto, viver com limites!

Sobre Shadowgirl

Simplesmente sou alguém que partilha opiniões na blogosfera, que gosta de escrever e ler... Alguém que anseia por palavras que não foram ditas... talvez esta seja a forma de dizer tudo o que pensamos sem que saibam a nossa verdadeira identidade...
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